É bastante comum encontrarmos pessoas as quais não só
consideram a Filosofia inútil, como também pertencente
a um conjunto indeterminado de gêneros de conhecimento os
quais, em seus fundamentos, se opõem à ciência, bem como
a sua metodologia. Melhor ainda, parte exatamente do senso comum a
idéia de rechaçar qualquer teoria ou procedimento cuja
base não seja científica, ou que não seja sua
eficácia provada cientificamente.
Como se não bastasse, o termo “Filosofia” ou “filosofar”
via de regra ganha seu viés depreciativo quando associado a
“devaneio”, ao alheamento cuja retórica nos remete a
tudo o que é improdutivo e fugaz.
Não está bem clara a origem desse preconceito, mas tudo
indica que na tarefa do pensar, ainda que seja algo inerente a qualquer ser humano, restringiu-se a maneira pela qual se pensa em
favor de uma universalidade estrutural do pensável, cujo modo
e natureza estabelecem um padrão ou código do que pode
ser pensado. A lida com o dia-a-dia e a reprodução em
série das atividades do homem comum não comportam um
questionamento acerca do que se pode pensar e como pensar. Dado que o
desenvolvimento tecnológico avança em direção
ao aperfeiçoamento de seus próprios dispositivos, a
interface com o real continua a mesma e a ênfase ao pensamento
científico corrobora com o alijamento de outras formas de se
conhecer o Universo.
Há outras opiniões mais elaboradas acerca da utilidade
da Filosofia, em especial aquelas as quais primam pela sua redução
à apenas uma reflexão crítica acerca dos objetos
da ciência, ou ainda, quando radicalizam sua função
originária, numa tentativa de restabelecer uma relação
com as coisas e o mundo que de certa forma se tornaram obliteradas
pelo advento da ciência. Sim, refiro-me à privação
da possibilidade de conhecer a coisa em si, mas somente inferí-la,
quantificá-la.
Entretanto, a Filosofia de H. Bergson nos propõe algo
diferente, na medida em que se opõe às filosofias
críticas, em especial quando por elas se engendra um modo de
vida incapaz de conferir existência à vida interior das
coisas mesmas.
Esse é o ponto. O método da intuição nos restaura uma concepção do ser em que duas metades, dois movimentos da natureza que se complementam dando lugar a um só movimento. Em razão disso, não rechaça o conhecimento científico e não considera que esse conhecimento nos separa das coisas, tal como a filosofia radical, mas lida com a metade dos lados do absoluto, na medida em que a natureza se revela exteriormente.
Esse é o ponto. O método da intuição nos restaura uma concepção do ser em que duas metades, dois movimentos da natureza que se complementam dando lugar a um só movimento. Em razão disso, não rechaça o conhecimento científico e não considera que esse conhecimento nos separa das coisas, tal como a filosofia radical, mas lida com a metade dos lados do absoluto, na medida em que a natureza se revela exteriormente.
Para Bergson não há dualidade entre o sensível e
o inteligível, de sorte que unidas, Filosofia e Ciência
são capazes de dar ao Homem um nível de compreensão
acerca do real cujo alcance é impensável ao sectarismo
do conhecimento.
Passando aqui pra mandar um beijo! Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirAline
Obrigado, Aline! Seja sempre bem-vinda. Outro beijo para você.
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